segunda-feira, março 19, 2012

Gregórios

Ahh é verdade... Além do Gregório há na vida outros Gregórios. Mas fico pasma com especialmente com este Gregório.

Ele consegue me fazer rir sem tentar.

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bernardo
A situação era desesperadora. Todos estavam certos de que tinham chegado ao fundo do poço. E eis que ouve-se, ao fundo, a voz de Bernardo Jablonski: "Calma, gente, podia ser pior." Todos se viram para ele, esperando ansiosamente a continuação da frase. E ele: "Não me ocorre nada agora, mas podia". E esse era o Bernardo: uma voz sempre calma e irreverente, equilibrando perfeitamente acidez e afeto, senso crítico afiado e um profundo amor à vida. Quando gostava de alguém, trazia a pessoa para perto, pela vida toda. Era muito bom ser gostado pelo Bernardo. Fazia a gente gostar mais da gente. E talvez por isso ele seja tão amado. Porque ele amava, profundamente, a vida, o teatro e todos nós.


Texto extraido do blog do Gregório Duvivier - Rua Caio Mario


o meio de todas as coisas
entre o fim do começo e o começo
do fim toda coisa tem uma massa
inerte feito ponte pela qual
passamos distraídos – ou não:
os astecas sentiam chegar o exato
momento do meio da vida – o meio
do meio da vida, o momento em que
o que já vivemos é exatamente
igual ao que ainda não vivemos
– e nesse momento preciso o mais
comum dos astecas sentia uma súbita
e inexplicável vontade de tomar um trem
mas como ainda não o tinham inventado
ele acabava por entristecer-se
(daí a tristeza, essa vontade de algo
que ainda não inventaram)

(A Partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, 7Letras, 2008)


Sobre construir janelas
(para Paulo Henriques Britto)

Erguer antes de tudo uma parede –
a parede no caso é importantíssima,
pois as janelas só existem sobre
paredes, as janelas sobre nada

são também nada e não são sequer vistas.
Em seguida quebrá-la até fazer
nela um grande buraco, não maior
que a parede, pois precisamos vê-la,

nem menor que seus braços – as janelas
sobre as quais não se pode debruçar
não são janelas, são buracos. Pronto.

Ou quase: agora basta construir
um mundo do outro lado da parede,
para que possas vê-lo, emoldurado.



Gregorio Duvivier é ator, poeta, nasceu no dia 11 de Abril de 1986 e mora na Gávea. É formado em Letras pela PUC-Rio, embora nunca tenha ido buscar o diploma. Seu primeiro livro, “A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora” foi publicado pela 7Letras. Era para ser um livro póstumo, mas para isso era necessário que ele morresse. Como Gregório tem pavor de gilette e de grandes alturas, seu próximo livro só será póstumo se deus quiser e contribuir com um acidente de carro ou uma pneumonia.


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Já deu pra perceber que gosto de textos um pouco sem noção, mas que são capazes de fazer nós percebermos o quanto somos inteligentes e o autor mais ainda...

Eu viajo nos textos e poesias do Gregório. Ou seja, eu adoooooro. Por isso publiquei trêsDeVez.

E isso é tudo pessoal!
Beijos

Juliene Tesch
@JulieneTesch