Admire a
lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o
sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é para todos.
Sonhe com
as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente
deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar
sabe-se lá onde.
Não apare a
chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só o seu.
As lágrimas?
Não as sequem, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você
ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave! Quem você ama é a
maior joia que você possui, a mais valiosa.
Não importa
se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é outro, se a idade
aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à parte alguma sem ela.
Abra todas
as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um
sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente
sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se
todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure,
sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um
sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere
seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o
lado, alguém precisa de você.
Abasteça
seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de
cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de
dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os
seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se,
volte atrás, peça perdão!
Não se
acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu
coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar
que precisa voltar, volte!
Se perceber
que precisa seguir, siga!
Se estiver
tudo errado, comece novamente.
Se estiver
tudo certo, continue.
Se sentir
saudades, mate-a.
Se perder
um amor, não se perca!
Se achá-lo,
segure-o!
Circunda-te
de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é
nada.
- Fernando Pessoa